Por João Paulo Biage
Ontem ficou comprovado que futebol é o ópio do povo. Jogo da Taça Libertadores no mesmo horário do primeiro debate entre os presidenciáveis. Quem teve maior audiência? Futebol, claro. Tudo bem que o ataque de carência de Plínio Sampaio sensibilizou os espectadores do debate, tanto que a pseudo-múmia liderou os TTs do Twitter por um bom espaço de tempo, mas é inevitável o fato do brasileiro preferir futebol às eleições.
Quando o relógio apontava 23h04 o jogo tinha 31,9 pontos de audiência e o debate dos candidatos à presidência apenas 3,1*. Ou seja, tinha 10 vezes mais pessoas assistindo o futebol do que ao debate. O brasileiro ignorou a troca de idéias (e insultos) entre o(a) futuro(a) governante desse país e seus concorrentes por 22 homens correndo atrás de uma bola.
Como esse blog é esportivo, esqueçamos o debate e vamos ao mais importante: o jogo.
Ótima partida. Jogo dígno de decisão. São Paulo saiu na frente após falha incrível de Renan que Alex Silva não perdoou. O Inter empatou com Alecsandro. O camisa 9 desviou de calcanhar, meio que sem querer, a cobrança de falta de D'alessandro. Um minuto depois, Ricardo Oliveira colocou fogo no jogo desempatando para o tricolor: 2x1. Porém, apesar da pressão são paulina nos 30 minutos finais, o placar não se alterou. Internacional classificado.
Não só classificado para a final da Libertadores, como também para o Mundial Interclubes. Beneficiado pelo regulamento esdrúxulo da Conmebol (Confederação Sulamericana de Futebol), que não permite que mexicanos vão à competição em Dubai, o Colorado não precisa nem ser campeão continental para disputar o Mundial no final do ano. Isso porque os times mexicanos são convidados e a vaga destinada ao México, e toda a América do Norte, é disputada no torneio organizado pela Concacaf (Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caribe). Complexo e ridículo.
O Inter fez por merecer. Mas, mais do que isso, o São Paulo também quis a desclassificação. Jogou muito ontem. O problema é que só jogou bem em 90 dos 180 minutos da semi-final. Se apequenou muito no Beira Rio. Perdeu antes da decisão. E isso até me lembra uma frase do falecido Armando Nogueira sobre o maior injustiçado do futebol brasileiro: o goleiro Barbosa.
"Era um goleiro magistral. Fazia milagres, desviando de mão trocada bolas envenenadas. O gol de Gigghia caiu-lhe como uma maldição. E, quanto mais vejo o lance, mais o absolvo. Aquele jogo o Brasil perdeu na véspera", disse Armando sobre a derrota do Brasil para Uruguai no episódio mais triste do futebol brasileiro, o Maracanazzo. Com o São Paulo foi a mesma coisa. O jogo de ontem o São Paulo perdeu na semana passada. A classificação para a final da Libertadores, o São Paulo perdeu na véspera.
* Dados do Ibope
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